ESPORTE E INCLUSÃO
Antes mesmo das 8h, horário marcado para iniciar o primeiro dia da I Olimpíada Esportiva Inclusiva, dezenas de crianças e adolescentes, com seus familiares, já se faziam presentes no anfiteatro da Usina da Paz Guamá, em Belém, local escolhido para sediar o evento, neste sábado (01). A programação é voltada para pessoas com deficiência, a partir dos sete anos de idade, e ocorrerá até este domingo (02) com jogos e a cerimônia de entrega das premiações.
A ação é uma ferramenta de conscientização e valorização das habilidades e potencialidades de pessoas com deficiência no esporte, para a inclusão e a garantia de acesso ao desporto, lazer e participação social, através de modalidades esportivas adaptadas como explica Nayara Barbalho, coordenadora estadual de políticas para o autismo da Sespa.
“É importante que as pessoas entendam que o esporte não é um “hobby”, não é um evento, ele é um meio de transformação social, uma política pública e, mais do que isso, é uma evidência científica terapêutica para pessoas com deficiência, então é muito importante que a gente tenha eventos como esse, hoje é um evento que a gente quer que seja um piloto, um ponta pé inicial, para que outras edições ocorram”.
A olimpíada conta com as modalidades vôlei sentado, futsal e basquete de cadeiras de rodas. Além de adaptações durante as partidas, o evento também contará com equipe médica e multiprofissional de suporte. Dicas visuais serão utilizadas pela equipe de arbitragem, com a substituição do apito por sinalizadores quando houver atleta com hipersensibilidade auditiva em quadra. Também haverá espaço de acomodação sensorial, prancha de comunicação alternativa para ampliar as possibilidades de comunicação, redução do tempo de partida e outras adaptações que se fizerem necessárias para o bom desempenho dos atletas. Os primeiros lugares serão premiados.
“Eu me sinto muito feliz por que é através dessas iniciativas que meus filhos ficam com a auto estima muito melhor, eles se preparam para esse dia, eles se organizam para acordar cedo, ficam contando os dias para chegar, eles se comprometem e isso é muito gratificante para mim que sou mãe de dois autistas. Também quero dizer que me sinto satisfeita em ver que a TV Cultura apoia e mostra na televisão, os meus meninos são apaixonados pela TV Cultura, asssitem todos os programas e quando eles se enxergam na televisão, como ocorreu no Festival Tealentos, eles ficam transbordando de alegria e avisando para todos assistirem”. Relatou Luciane Veiga da Silva, mãe do Gabriel, de 10 anos, que esteve no local para competir no futsal.
E o Miguel fez questão de se apresentar e deixar o seu recado. “Me chamo Miguel Filho, tenho 10 anos e sou autista. Estou no quinto ano e estudo na Escola Alexandre Nicomedes da Cunha, no bairro da Cabanagem. Gosto de dançar, desenhar e jogar bola, o futebol ajuda a me reconhecer e reconhecer a minha cultura e acho muito importante a imprensa está aqui hoje porque vai poder mostrar nosso esforço e o quanto nós treinamos”.
A cerimônia de abertura contou com a presença das equipes que irão disputar as modalidades disponibilizadas pela coordenação do evento, em que os atletas cantaram os hinos nacional e também do Estado do Pará. Antes do primeiro jogo ocorrer, uma apresentação de Carimbó e techno brega, com quatro casais , entre eles cadeirantes, animaram a plateia presente na arquibancada do ginásio poliesportivo.
“A gente fica muito feliz de não só transmitir grandes eventos, seja esportivo ou cultural, mas também de ajudar a realizar, a fazer acontecer e, hoje, foi mais uma prova disso, essa parceria entre a Cultura Rede de Comunicação e instituições sem fins lucrativos, também com a secretaria de saúde, com a Seac e outros órgãos, trazendo essa olimpíada inclusiva aqui para a UsiPaz Guamá. É importante poder colaborar com esse projeto importantíssimo do governador Helder Barbalho e da nossa vice-governadora Hana Gassan, e a Cultura Rede de Comunicação estará sempre presente”.
O torneio é uma realização do Núcleo de Esporte e Lazer (Nel) da Funtelpa, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac) e instituições sem fins lucrativos como o IBN.
Serviço - A I Olimpíada Esportiva Inclusiva vai até às 15h deste sábado (01) e segue até às 15 domingo (02), na UsiPaz Guamá, em Belém. A entrada é gratuita.
Texto: Raiana Coelho /FUNTELPA
Paratletas paraenses se destacaram nas Paralimpiadas Escolares 2022, com a conquista do 3º lugar geral, recorde de pontos na competição e 120 medalhas.
“Eu fico muito feliz de ver meu filho participando de atividades esportivas em um espaço como a Usina da Paz da Cabanagem que tem inclusão de verdade. Há mais de um ano ele participa das aulas de natação e vemos diariamente o desenvolvimento, principalmente, em relação à coordenação motora, à concentração e à interação. Ele adora vir treinar e quem sabe, no futuro, meu filho possa ser um grande nadador do Pará como os atletas da Paralimpiada”, celebra a dona de casa Sara Correa, que é mãe do Alexandre Daniel, 7 anos.
A Delegação de paratletas do Pará conquistou o 3º lugar geral nas Paralimpiadas Escolares 2022, realizada de 22 a 25 de novembro em São Paulo (SP), além do recorde de pontos na competição e 120 medalhas.
O Governo do Estado incentiva a prática esportiva de pessoas com deficiência (PcD), sobretudo, por meio das Usinas da Paz. No bairro da Cabanagem, o complexo oferece aulas de natação regulares aos sábados, promovidas pelo Núcleo de Esporte e Lazer (NEL) da Secretaria de Educação do Pará, e garante suporte a um time de vôlei sentado, às quartas e sextas-feiras à noite.
Belém foi a capital escolhida para ser a sede Norte e Nordeste das Paralimpíadas Escolares do próximo ano, que ocorrerá em agosto de 2023. “Temos atletas medalhados que são das Usinas da Paz. Para nós, é uma grande alegria que agora a produção de grandes atletas e paratletas sejam fruto desse espaço, que é fundamental para o crescimento do desporto. Espaços de inclusão, de cidadania. As usinas são fundamentais para oportunizar, cada vez mais, futuros talentos, promover mudanças de vidas, especialmente, de cadeirantes, deficientes visuais, intelectuais, autistas. As Usinas vieram pra fazer a diferença e somos referência nacional”, conta o coordenador do NEL, Marcley Lima.
O professor de educação física, William Souza, que atua na UsiPaz Cabanagem, reforça que muitos atletas de alto rendimento vêm de projetos sociais como os desenvolvidos no complexo. “Oferecer atividades esportivas nas comunidades é um passo muito importante para que novos talentos sejam descobertos. Nem todo mundo tem condições de pagar aulas de natação, por exemplo, e aqui eles têm acesso às aulas, mudando a realidade da população. São oportunidades sensacionais mesmo para quem não tenha o interesse de se tornar um atleta, mas busca qualidade de vida”, diz.
A diminuição das dores musculares é um dos principais ganhos relatados por Rosemary Souza, aluna da natação na UsiPaz, desde que começou a praticar o esporte. “Com 17 anos, sofri um AVC e perdi todo o movimento do lado esquerdo do corpo, fiquei com sequelas de limitação de movimentos. A natação tem me ajudado bastante, já percebo menos dores, os exercícios me fazem muito bem. Desde o dia anterior à aula, a gente já fica ansioso pra que chegue a hora da natação, aqui é muito bom, me sinto bem melhor”, ressalta.
Este sábado (26), foi dia da primeira aula de natação de Fernando Peter, 65 anos. O professor de educação física aposentado perdeu a visão, após 14 cirurgias, por conta de um glaucoma. “Passei toda a minha vida como professor e hoje estou do outro lado como aluno. Estou voltando às atividades físicas com excelentes profissionais, recebi todo o acolhimento aqui na Usina. O esporte é um instrumento fortíssimo de inclusão e essa iniciativa de construir um espaço como esse, com diversas atividades, é altamente benéfico para a sociedade”, conta.
O coordenador de Esportes da UsiPaz Cabanagem, Alex Maciel, explica que quem quiser se inscrever na natação deve procurar o núcleo de esportes do complexo, com os documentos oficiais (identidade, CPF e laudo médico). “Após a apresentação da documentação, o futuro aluno passa por uma avaliação dos educadores físicos e poderá participar. Antes da Usina, a Cabanagem não tinha um espaço como esse, com a infraestrutura que temos aqui disponível para a comunidade. Além do exercício, o contato com a água e as atividades recreativas estimulam desde cedo as habilidades esportivas, que pode ser uma ponte para que os nossos alunos cheguem além”, conclui.