QUALIDADE NA EDUCAÇÃO
Moradores de Marituba agora podem contar com aulas de reforço escolar para estudantes devidamente matriculados no 5º, 6º, 7º, 8º e 9º ano do ensino fundamental da rede pública de ensino. As turmas foram iniciadas nesta terça-feira (05), na Usina da Paz Nova União, e seguirão com cronograma de aulas até o encerramento do ano letivo.
Tatiana Cavalcante Foto: Ascom / Seac
“Nós vamos trabalhar aqui com os alunos mais um apoio escolar pensando nesse tempo de pandemia em que eles ficaram longe da escola, então pensando nas lacunas que eles tiveram durante esse período, nós estamos com esse projeto de reforçar e de perceber as dificuldades que eles ainda têm, que adquiriram nesse tempo, nós vamos tentar sanar essas dificuldades o máximo que nós pudermos. Nós procuramos ter um olhar mais cuidadoso com nossos jovens, pensando em realmente formar cidadãos que tenham capacidade, competência para entrar no mercado de trabalho por meio da educação”, explica Tatiana Cavalcante, professora de língua portuguesa.
A iniciativa é mais uma parceria entre a Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac), através do Programa Territórios Pela Paz (TerPaz), e a Secretária de Estado de Educação (Seduc). As turmas ocorrerão sempre as terças e quintas-feiras, entre 8h e 11h, de acordo com cada série. A princípio, serão trabalhadas as disciplinas bases da grade curricular como português e matemática, que são as mais demandadas pela população local.
“Ele tem bastante dificuldade em matemática e eu sempre tive vontade de colocar ele numa aula de reforço, mas eu nunca pude pagar. Mas como agora apareceu essa oportunidade aqui na Usina, eu abracei logo”, conta Elciane Teixeira, mães do Mário Henrique Teixeira, de 11 anos, aluno do 6º ano do ensino fundamental.
Elciane Teixeira Foto: Ascom / Seac
A dificuldade com cálculos também é compartilhada pela Flávia Silva, jovem de 13 anos e aluna do 8º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Romeu Pires Borges, em Marituba. Para quem tem o sonho de um dia ser advogada e delegada, o reforço escolar certamente será fundamental na jornada. “Tenho muita dificuldade em matemática e português, espero que aqui eu consiga desenrolar melhor e melhorar as minhas notas na escola também”.
Ivete Brabo, coordenadora de projetos da Seduc dentro das Usinas da Paz, reafirma o compromisso desta iniciativa. “O reforço visa fortalecer o aprendizado desses alunos no que se refere as disciplinas ofertadas, beneficiando o aluno matriculado e objetivando criar condições favoráveis de aproximação com o âmbito escolar que, por sua vez, ajuda no combate à evasão escolar”.
“Sinto dificuldade em matemática, eu não sei fazer algumas coisas que os professores passam para mim. Eu fazia uma aula de reforço antes, na rua de casa, mas não senti bons resultados, aí como abriu na Usina da Paz eu vim pra cá”, relata Ruana Souza, de 13 anos, também aluna do 8º ano do fundamental.
Além das turmas de reforço escolar, são ofertadas também turmas de inglês e alfabetização para adultos, todos ainda com vagas para inscrição, que devem ser feitas presencialmente na recepção da UsiPaz. Os interessados devem apresentar documentos como RG, CPF, comprovante de residência e comprovante de matrícula.
Por Raiana Coelho (SEAC)
Por Carol Menezes (SECOM)
Gestores e alunos avaliam que a presença do Estado na escola, com ações de cidadania, melhoram a autoestima e o desempenho na aprendizagem
A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Valente, no bairro da Cabanagem, em Belém, saiu de 3,9, nota considerada baixa, para 5,0, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb 2019), principal indicador de qualidade no Brasil desde 2007. Inserida em um dos sete bairros assistidos pelo Programa Territórios pela Paz (TerPaz), do governo do Estado, a unidade teve sua rotina completamente modificada há mais de um ano, a partir do início das ações ligadas à política pública de combate à violência e inclusão social, decisivas para alcançar esse patamar no Ideb, conforme atestado pelo Ministério da Educação (MEC).
Iniciado no ano passado, o TerPaz significa um amplo esforço do Estado com foco na diminuição da violência e aumento do desenvolvimento social, a partir da articulação de ações de segurança pública e de cidadania em sete bairros da Região Metropolitana de Belém.
A estudante Débora Esther, do 1º ano do Ensino Médio, é aluna da escola desde 2019, e vê mudança no perfil dos alunos em relação à autovalorização e valorização do ambiente de estudos. "Acho que chegamos até aqui, a essa nota 5,0, muito por conta dos projetos que o governo trouxe para nós. Tem o empenho de cada aluno, dos professores e da direção, mas tenho absoluta certeza que o TerPaz contribuiu muito com as atividades, com as palestras", garante a adolescente, confirmando que seus colegas estão visivelmente mais motivados atualmente. "Acho que a gente recuperou a nossa autoestima. Teve um curso que fiz aqui, pelo TerPaz, voltado à agricultura, que eu gostei muito. No terreno ao lado da escola a gente iniciou pequenas plantações de legumes e verduras, que depois foram usados na merenda escolar. Isso me despertou para a necessidade de valorizar o local onde eu estudo", conta Débora.
Desempenho - O Ideb é calculado a partir de dois componentes: a taxa de rendimento escolar (aprovação) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao MEC. Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, realizado anualmente. As médias de desempenho utilizadas são as da antiga Prova Brasil (que agora se chama Sistema de Avaliação da Educação Básica - Saeb) para escolas e municípios, e do Saeb para estados e o âmbito federal, realizados a cada dois anos.
Marisa Lima, coordenadora da Rede Local do TerPaz na Cabanagem, lembra que a nota anterior da escola no Ideb, considerada baixa, foi o ponto principal do trabalho desde a implantação do programa no bairro. "Conversamos com a direção para tentar entender o que ocorria, e a verdade é que a não presença do Estado, até então, deixou aqueles alunos sem sonhos e expectativas. Estavam lá para cumprir a formalidade do ano letivo somente, muito embora seja uma escola que tem uma direção esforçada, professores comprometidos. Era uma autoestima muito baixa", diz a coordenadora.
Transformação - Ela acrescenta que o "TerPaz trouxe uma mudança no comportamento. Eles não se aceitavam pobres, pretos e periféricos, e passaram a se sentir importantes, a valorizar o
processo de aprendizagem. Aliamos isso a um campanha de conscientização, e o resultado foi a presença de 100% dos estudantes ao processo de avaliação relacionado ao Ideb".
A professora Ivanilda Vieira, diretora da Escola José Valente, confirma que o TerPaz deu aos estudantes um novo olhar sobre os estudos e sobre eles próprios. "É impressionante a diferença que faz essa sensação de pertencimento à comunidade. Eu os vejo mais motivados, e isso também tem muito a ver com nosso quadro docente. A gente não se sente mais sozinho. Nasceu uma parceria muito boa e muito importante. A presença do Estado em uma escola da periferia faz muita diferença, e fez a diferença também para a autoestima desses jovens", reforça a diretora.