Projeto é um facilitador para o acesso dos egressos do sistema penal aos sistemas de saúde, assistência social e emprego. A iniciativa deve ser estendida para todas as UsiPaz do Pará.
Foto: Gabriel Silva (NUCOM/SEAC)
Diluir o preconceito e reinserir, de forma humanizada, os egressos do sistema penal em todos os sistemas comuns aos cidadãos. Foi com este objetivo que o Escritório Social surgiu, um projeto da Secretaria de Assistência Penitenciária - SEAP, que funciona como um ponto de apoio para quem está voltando ao dia a dia em sociedade.
Além de garantir assistência jurídica e psicológica, o Escritório Social também orienta em questões de saúde, como marcação de consultas e exames, e emissão de documentos. Direitos básicos para qualquer cidadão, mas que, devido a situação de vulnerabilidade que os egressos encontram ao reiniciar suas vidas, necessitam que haja um apoio para garanti-los.
“A gente sabe que a vida fora dos sistema penitenciário está cercada de dificuldades e estigmas. Por isso, o Estado busca garantir essa transição da melhor forma e o Escritório Social é o equipamento, fora do Sistema Penal, onde eles recebem esse apoio”, explicou a Coordenadora de Assistência ao Egresso da Seap, Manuela Cavalléro.
Para dar visibilidade ao projeto, o Escritório Social iniciou uma série de apresentações nas Usinas da Paz, com palestras, produtos e informações sobre os serviços ofertados. A itinerância começou na UsiPaz Jurunas/Condor e deve alcançar todas as demais ainda neste semestre.
Segundo Manuela Cavalléro, a UsiPaz Jurunas/Condor, em Belém, foi escolhida a partir de estudos que apontaram o território como a área com o maior número de egressos em Belém. “Aqui é um território onde estamos na divisa com dois bairros populosos, então no nosso mapeamento, que é feito em parceria com a Seac (Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania), identificamos muitos dos nossos egressos aqui”, informou a coordenadora da Seap.
Lucas Carneiro Maia (Coordenador de UsiPaz Jurunas/Condor) /Foto: Gabriel Silva (NUCOM/SEAC)
“Nós demos todo o acolhimento ao projeto, ajudamos a mobilizar e a trazer os egressos e suas famílias para este momento. A Usina da Paz também é esse lugar para atender as mais diversas pessoas, de todas as formas possíveis, estamos sempre dispostos a abraçar essas parcerias”, afirmou o coordenador da UsiPaz Jurunas/Condor, Lucas Carneiro Maia.
Equipamento é o segundo passos depois da porta aberta
“Eu já bordei muito essas árvores nessas almofadas que estás vendo aqui”, disse Isabela do Rosário, egressa há 05 meses e que agora trabalha para a própria Seap, durante os eventos onde a Secretaria leva a produção da sua cooperativa de apenados como biscoitos, bolsas de tricô, almofadas bordadas e demais artesanatos.
Com 27 anos de idade, Isabela é mãe de três filhos, de 12, 4 e 2 anos de idade. “Eu tenho recebido muita ajuda do Escritório, desde esse trabalho aqui até marcação de consulta para os meus filhos”, contou a egressa que agora, ao conhecer a Usina da Paz, quer fazer cursos de capacitação.
“Ainda não tinha entrado numa Usina, não sabia que poderia ter espaço pra mim. Agora quero fazer cursos de design de sobrancelha, aplicação de cílios, e também matricular minha filha mais velha nas aulas de futebol”, concluiu. Além de Isabela, outros egressos estiveram presentes durante a apresentação do Escritório Social, dentre eles alguns funcionários da própria Usina, além de moradores dos bairros próximos. “O que nós precisamos é que esses egressos saibam que o Escritório é um equipamento público, gratuito e que está à disposição deles”, finalizou a coordenadora do Seap, Manuela Cavallero. As próximas visitas do Escritório Social nas Usinas da Paz serão divulgadas em breve pelas redes sociais da Seac e Seap. Texto: Dani Franco (NUCOM/SEAC)