CONQUISTA
O Programa está sendo estruturado para chegar ao interior, após um ano de bons resultados em sete bairros da Região Metropolitana de Belém.
O Programa Territórios pela Paz (TerPaz) vai comemorar o primeiro ano de funcionamento no próximo dia 11 de julho, data em que iniciaram, em 2019, as atividades no bairro da Cabanagem, em Belém. Entre as conquistas estão a redução dos índices de violência e a oferta de serviços de cidadania em sete bairros da Região Metropolitana de Belém. O planejamento do Governo do Pará prevê, para os próximos meses, a entrega das Usinas de Paz e ampliação para o interior.
O TerPaz é conduzido pela Câmara Técnica Intersetorial da Secretaria de Estado de Articulação da Cidadania (Seac), órgão responsável por planejar as ações nos territórios, e envolve a parceria entre 37 órgãos: Seac; Banco do Estado do Pará (Banpará); Companhia de Habitação (Cohab); Escola de Governança (EGPA); fundações de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fapespa), de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), Cultural do Pará (FCP), Paraense de Radiodifusão (Funtelpa) e ParáPaz; as secretarias de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), de Cultura (Secult), de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), de Esporte e Lazer (Seel), de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), de Saúde Pública (Sespa), de Educação (Seduc), de Comunicação (Secom), da Fazenda (Sefa), de Desenvolvimento e Obras Públicas (Sedop), de Administração Penitenciária (Seap), de Administração e Planejamento (Seplad) e Secretaria de Inteligência e Análise Criminal (Siac) e Diretoria de Previdência (Diprev) – vinculadas à Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup); Departamento de Trânsito do Estado (Detran); Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPC); polícias Civil e Militar; Corpo de Bombeiros Militar; Ouvidoria Geral do Estado; Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa); Companhia de Abastecimento do Pará (Cosanpa); Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Pará (Prodepa); Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PA), Equatorial Energia Pará (antiga Celpa).
De acordo com o relatório da Câmara Técnica foram realizadas 39.015 atendimentos, somente no bairro da Cabanagem, desde o início do Programa. “Estamos comemorando um ano da entrada de políticas públicas de inclusão social, do Programa Territórios Pela Paz, iniciado no bairro da Cabanagem. Um trabalho árduo. graças à articulação entre as 37 secretarias e órgãos do Estado e as instituições parceiras. Chegar a um bairro que era marcado pela ausência do poder público foi um desafio. A escolha da Cabanagem, assim como a dos outros seis territórios, não se deu apenas pelos altos índices de criminalidade e violência que se manifestavam, mas sim pelo reconhecimento do valor dessa comunidade, da criatividade e da garra desse povo trabalhador”, afirmou Ricardo Balestreri, titular da Seac.
Menos violência - A segurança pública foi um dos itens prioritários para a definição dos territórios, explica o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado. “As cidades da Região Metropolitana de Belém sempre figuraram como as cidades mais violentas do Brasil em vários rankings. Em razão disso, nós escolhemos dentro dessas cidades os principais bairros que eram os responsáveis pela criminalidade, seja na proporção pelo número de habitantes seja pelo número de homicídios ou crimes violentos”, destaca o titular da Segup.
A estratégia definiu a escolha por cinco bairros em Belém (Cabanagem, Terra Firme, Bengui, Guamá e Jurunas); um em Ananindeua (Icuí-Guajará) e um em Marituba (Nova União). O processo de ocupação, com a presença do Estado por meio das forças policiais, foi denominado “Choque Operacional”. A etapa seguinte, a Polícia de Proximidade, fomentou o diálogo com a comunidade, possibilitando a posterior entrada de serviços essenciais, como saúde, cidadania, empreendedorismo e sustentabilidade.
Segundo dados da Segup, no período de janeiro a junho, ao comparar os anos de 2019 e 2020, houve queda na criminalidade em vários pontos. Os crimes violentos de lesão intencional (homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte) totalizaram uma redução de 25% no bairro do Bengui; 9% no Icuí-Guajará; 39% na Cabanagem; 35% no Jurunas; 54% no centro de Marituba; 80% na Terra Firme e 47% no Guamá.
Os casos de roubos caíram em 46% no bairro do Jurunas; 24% na Terra Firme; 26% no Guamá; 21% na Cabanagem; 44% no Bengui; 36% no Icuí-Guajará e 41% no centro de Marituba.
“O nosso próximo passo é justamente construir, em parceria com empresas privadas, as Usinas de Paz, para que a gente possa aliar o que já existe na segurança pública com o social, a chegada de serviços, cursos, capacitação, áreas de lazer para a população daqueles bairros da RMB, e ao mesmo tempo interiorizar o processo de instalação do TerPaz. É começar a agir naquele primeiro momento do Choque Operacional e da aproximação com a comunidade no interior, a exemplo do que deve ocorrer em Marabá e Parauapebas (municípios do sudeste), que nós estamos articulando para interiorizar a partir deste ano, logo após o período da pandemia (de Covid-19)”, adianta Ualame Machado.
Presença do Estado - As Usinas da Paz (UsiPaz) serão grandes complexos públicos, em áreas de aproximadamente 10 mil metros quadrados, com a finalidade de garantir a presença permanente do Estado nos territórios, com ênfase na prevenção à violência, inclusão social e fortalecimento comunitário a partir de três eixos fundamentais: Assistência, Esporte/Lazer e Cultura.
“Acreditamos na população que, unida com o Governo, pode fazer a diferença. O TerPaz é um programa de políticas públicas permanente que já se enraizou na comunidade, e estamos colhendo bons frutos. Um desses frutos é a construção da Usina da Paz, que está em andamento, e conta com mão de obra local. Já nesta primeira fase, as obras da Usina começaram a gerar emprego e renda. Posteriormente, os benefícios serão estendidos a toda a comunidade”, assegura Ricardo Balestreri.
As Usinas serão formadas por complexos esportivos, salas de audiovisual, inclusão digital e outros serviços, como atendimento médico, odontológico, consultoria jurídica, emissão de documentos, segurança, escola de gastronomia, espaços integrados, multiuso para feiras, eventos e encontros da comunidade. Também serão espaços para a prática de cursos livres, dança, artes marciais e musicalização, e ainda biblioteca.
Atividades que, além de democratizarem o acesso ao esporte, ao lazer e à produção cultural, fortalecem um amplo espaço de convivência comunitária, e propiciam a prestação de serviços públicos por meio das secretarias de Estado comprometidas com projetos ao atendimento à comunidade nos Territórios Pela Paz. Sobre as obras das usinas, já foram realizados a sondagem e topografia dos terrenos. Agora, as obras das Usinas da Paz entrarão na segunda etapa, que consiste nas construções dos pré-moldados das fundações.
Em pouco mais de um mês atendendo como porta aberta para emergências relacionadas aos sintomas da Covid-19, o Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, distrito de Belém, contava 457 altas clínicas até a noite de domingo (24). O número representa 457 histórias de vida, que não só seguem preservadas, mas que agora têm a possibilidade de um novo começo, de um ressignificado após superação tão importante. Uma conquista que ocorre graças ao trabalho, empenho e dedicação de tantas pessoas.
A família do DJ Edilson Cambraia foi uma que começou de novo no domingo. Ele está entre os que podem comemorar o status de ex-paciente que recebeu autorização para voltar para casa, depois de 12 dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HRAS. A saga hospitalar começou no Hospital e Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, no dia 23 de abril, onde ficou internado por dois dias até ser transferido para o Abelardo Santos, já quase sem capacidade respiratória.
O final feliz poderia não ter ocorrido. Edilson, assim como muitos, não deu muita importância aos primeiros sintomas, que começaram no dia 15 daquele mês, e chegou a se medicar por conta própria com um dos remédios indicados pelo protocolo do Ministério da Saúde. Com a saúde piorando, ele conseguiu buscar ajuda a tempo. "Fui negligente no início", admite. "Uma semana depois já estava complicado, eram seis, sete dias com dor no peito, nas costas quando fui para o PSM", lembra o DJ.
No Hospital Abelardo Santos, ele ficou em leito de terapia intensiva desde o primeiro dia. "Sou muito grato por estar aqui respirando, falando, e sou muito grato aos profissionais de saúde, que se dedicaram ao máximo a todos que estão ali precisando desse amparo. Nunca desistiram de mim", reconhece ele, que chegou a passar o total de 19 dias sem andar e bastante enfraquecido pelas sequelas do novo coronavírus.
Nos dias de isolamento, uma vida que ainda não nasceu mantinha Edilson esperançoso e ansioso pela alta. "Além da fé, pensava no meu filho, meu primeiro filho, que está na barriga da minha esposa há três meses. Somos casados há 13 anos, e é o primeiro filho para os dois. Eu focava muito nisso, em viver para realizar esse sonho, carregar no colo. Me agarrei a essa esperança. Hoje a sensação é de vida nova", emociona-se.
Acolhimento - O Hospital Regional Abelardo Santos contabiliza mais de 23.373 atendimentos de pacientes com sintomas da Covid-19. A unidade já era um dos onze hospitais do Estado referenciados para internação de casos graves, e passou a funcionar de portas abertas, ou seja, o paciente pode ir direto ao local em busca de ajuda médica, sem precisar de encaminhamento. O pronto-socorro do HRAS conta com 319 leitos, 101 de UTI.
A triagem é humanizada. As equipes da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e da Fundação Parapaz levam as pessoas até uma tenda, onde é verificada a oxigenação do sangue e feita a categorização dos quadros clínicos (baixa ou média complexidade). Neste momento, uma sopa é servida e também são distribuídas máscaras novas para substituir as usadas ou proteger quem não tem. O sopão é fornecido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), de manhã e à tarde.
A média diária de atendimento no Abelardo Santos é de 1,8 mil pessoas. Portanto, ainda no estacionamento do hospital, onde ocorre essa triagem, foram instaladas mais três unidades móveis de saúde, que integram as ações do Programa Territórios pela Paz (TerPaz) em parceria com a Sespa. O objetivo é agilizar e garantir melhor atendimento. Muito além de medicamentos, os pacientes recebem carinho, atenção e segurança. Os pacientes que saem da consulta com prescrição de receita médica passam na farmácia, instalada no mesmo local, e recebem sem custo o que foi recomendado pelo médico.